foto: Nuno Guerreiro Dias [2012]
Lousa, morta
por onde já não cabe a luz
supérflua
e obscura
redonda, a realidade mate.
Há um momento
entre todas as coisas
em que se vaticinam
os minutos seguintes,
pode ser a madrugada
ou um silêncio qualquer,
o bravido miúdo de passos
impiedosos, sem coragem,
ou a luz dos teus olhos,
em caranguejos
e sombras,
enquanto eu,
debruço-me sobre um livro;
e nesse estertor,
não há uma teleologia do tempo
ou das palavras,
porque as bocas cintilam
silenciosas e
luminosas
de dentes brancos,
buracos negros do tempo
que jamais falarão.
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